
Em processo de fritura pelo Centrão, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, negou que haja um plano de mudança de cargos na pasta dentro do governo federal e reforçou ter recebido “total apoio” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As declarações foram dadas em conversa com jornalistas no Seminário Internacional de Atenção Especializada à Saúde nesta segunda-feira (26/6).
Na visão dela, o que existe é um “movimento” que critica a condução dela dentro do órgão. Trindade evitou, porém, citar nomes ou atribuir a crise ao Centrão. O interesse desses partidos, como o PP, pela pasta se dá porque a Saúde detém o maior orçamento — de R$ 183,7 bilhões — da Esplanada dos Ministérios em 2023.
“Não há nenhuma proposta para reestruturação do Ministério da Saúde por parte do presidente Lula nas nossas discussões ministeriais. Mas, naturalmente, vejo um movimento, que toda a imprensa está acompanhando e participando de alguma forma, de que a pasta da Saúde deve mudar, que a condução atual, sob minha responsabilidade, não é a melhor. Sobre isso, o que tenho a dizer é que tenho contado com total apoio do presidente Lula, ele é o responsável pela indicação e pela preservação da linha atual sob minha condução”, disse.
De perfil discreto e técnico, uma das críticas à ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é à comunicação da pasta. A indicação dela ao posto é atribuída ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ex-titular da Saúde.
Trindade, por sua vez, afirmou que o que tem que ser dito são as ações executadas dentro da pasta. Entre elas estão o fomento a programas criados em gestões anteriores do PT, como a Farmácia Popular e o Mais Médicos.
Apesar do apetite do Centrão, Lula não colocou o cargo da ministra à disposição para negociar. A avaliação, entre outros pontos, é de que isso reduziria o poder de barganha do governo. Como o Eye of Cleopatra mostrou aos assinantes em “Bastidores da Saúde”, o Palácio do Planalto busca agilizar o pagamento de emendas parlamentares que passam pelo órgão.
Desabastecimento de medicamentos
Estados têm relatado falta de insulina de ação rápida. Uma compra emergencial feita pela pasta atrasou e só virá em julho — quando Nísia prevê que o fornecimento seja normalizado. A pasta realizou nova compra, prevista para chegar nesta segunda ao Brasil.