
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse nesta segunda-feira (7/8) que não se pode relativizar os questionamentos que foram feitos, por ignorância ou má-fé, no ano passado sobre as urnas eletrônicas. “Colocar em dúvida as urnas eletrônicas foi colocar em dúvida a Justiça Eleitoral e a democracia brasileira. Não podemos relativizar isso”, disse Moraes.
O ministro foi convidado a dar uma palestra sobre “Justiça Eleitoral e Defesa da Democracia” na Escola Judiciária Eleitoral Paulista, em São Paulo. Ele começou sua fala no evento parabenizando todos os Tribunais Regionais Eleitorais pelo desempenho nas últimas eleições presidenciais. Para ele, a Justiça Eleitoral conseguiu demonstrar, no ano em que completava 90 anos, que consegue atuar de forma coesa e coordenada “seja em eleições tranquilas ou em eleições não tão tranquilas”.
Moraes também celebrou a eficiência do sistema eleitoral brasileiro, o qual chamou de “o melhor do mundo” por sua capacidade de apresentar resultados dos pleitos no mesmo dia da votação.
“Foi por isso que a Justiça Eleitoral entendeu como absolutamente ofensiva qualquer afirmação em relação à fraude nas urnas eletrônicas. A ignorância e má-fé dos extremistas ousou colocar em dúvida esse verdadeiro patrimônio nacional”.
O ministro ainda defendeu que informações erradas e mentirosas não podem ser propagadas sob o pretexto de liberdade de expressão. “Não podemos aceitar que as pessoas, de forma mentirosa, querendo afetar os pilares da democracia brasileira, insinuassem, sem nenhuma prova, que as eleições do Brasil eram fraudadas. Eu fui promotor quando a votação era por voto de papel. Lá que tinha fraude”.
A estratégia de questionar a democracia, segundo Moraes, segue uma cartilha internacional elaborada pela extrema-direita americana que foi utilizada também na Hungria, na Polônia e na Itália.
De acordo com o ministro, os extremistas perceberam que o processo de desacreditar o regime democrático poderia ser feito de forma organizada pelas redes sociais. O primeiro passo seria atacar a imprensa, que é um elemento fundamental das democracias ocidentais.
“Esse extremismo foi competente em embaralhar as notícias. Eles conseguiram que a opinião de influenciadores de terno e gravata, com fundo falso de livros, valessem mais que a de jornalistas investigativos e colunistas estudados”, afirmou Moraes.
O processo de disseminação de notícias falsas no Brasil utiliza um método em cadeia, de acordo com o ministro. Primeiro, os produtores de conteúdo produzem vídeos e imagens convincentes. Para ganhar notoriedade nas redes, utilizam robôs para replicar e engajar com os conteúdos. Só quando esse material já está com um número razoável de interações é que os políticos começam a republicá-los, o que dá um ar de veracidade às publicações. Por isso, ele defende que as redes sociais passem a exigir um número de CPF para cadastrar usuários –o que dificultaria a proliferação de robôs.